O estranhar...

Ninguém quer falar sobre isso, mas está lá. Todo dia, todo tempo diante de nossos olhos.
Ontem a morte deu aviso prévio e eu me perguntei: estou me acostumando com essa notícia?!
Sonhei com leitos vazios...

Acho que o pior que pode acontecer é se acostumar com esse tipo de notícia. Acho que o pior que pode acontecer é deixar de estranhar o cotidiano. É desumanizar para sobreviver.

Um pouco de dor faz parte do humano em nós, se a evitamos a todo custo o que nos tornamos?...

Quero conseguir buscar a estranheza dos momentos difíceis sempre que achar que a perdi. Quero lembrar que a morte não tem território, é sempre estrangeira onde quer que chegue, e quero poder vê-la sempre assim.

Não é que a farei persona non grata. Acredito em males que vem para bem. Acredito no alívio da dor, no cessar de um sofrimento, na paz de um descanso final...
Mas, vê-la sempre como de passagem, como uma visitante a trabalho, uma estrangeira (que é) sem visto de permanência.
E estranhar...

Quero sempre estranhar.


Arrivederci.

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